terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Se for pra ser você, corre e vem ser.

Vem alterar meus dias, vem fazer eles serem estranhamente mais curtos com a tua presença. Transforma tudo em risada, faz com que eu me sinta mais leve. Vem e bagunça tudo agora, faz eu me sentir boba por pensar em você. Não tenho a pretensão de te ter a vida inteira, só deveríamos ser nós agora. O amanhã é tão incerto. Mas acalma, o amanhã será o nosso agora também, o amanhã não existe! Tenho uma urgência em mim que não permite mais que a vida seja branda. Então, se for pra ser você, corre e vem ser.

Tânia F.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quebradiça.

Eu não suporto parecer frágil. Não suporto que venham a mim com abraços forçados procurando acalentar algo que não merece conforto, que não deveria nem incomodar. Preciso aprender a inventar a fina meiguice e delicadeza quando ela não bate à porta por vontade própria. Não pense que não sou doce, pois sou açucarada até demais. Só não suporto que doçura ao ver alheio seja sinônimo de fragilidade. Não consigo suportar a idéia de parecer frágil. Principalmente porque nos raros momentos em que sou (ou verdadeiramente aparento) o que necessito são palavras verdadeiras, ainda que cruéis. Ainda que me partam, me rachem. Isso me endurece com o tempo. Prefiro isso à promessas falsas e conselhos clichês.

Tânia F.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O novo e doce sentir.

Eu já havia esquecido o quanto os olhos poderiam ser verdadeiros e os carinhos, suaves. Eu já havia esquecido o quão doce era sentir.

Olhar a lua com você a deixa incrivelmente mais bela. Andar de mãos dadas contigo faz o caminho inexplicavelmente mais curto. Mas quero viver com você. Quero as chuvas mais geladas e o sol mais quente. Porque ao teu lado as cores são mais fortes, e as coisas mais lindas. Eu passei a manhã toda olhando o teto e procurando entender quando a vida saiu de seu curso, quando eu preferi não ser mais individual. Creio que foi no mesmo momento em que senti o salto dado pelo coração, assim que você encostou seu nariz ao meu e sorriu. Sensação de difícil explicação, inefável.

Eu já tive tanto carinho que julguei amor, que percebo o quão diferente de tudo és. Ao teu lado esqueço o vazio que persistia aqui. Eu parei de querer viver as fantasias, porque contigo entendo o que é real. Tenho a certeza de que tudo só me fez melhor pra você, mesmo sem entender quando eu deixei de ser metade e preferi ser nós.

Tânia F.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Ainda bem que escrevo - e sinto.

Escrever é retirar um pedaço da alma e atirar ao mundo. É deixar-se à mostra, se virar do avesso. É tirar de si o que grita e cala. É mastigar um sentimento para outros engolirem. É entregar-se à um mundo de devoradores, é saber que te consomem, que te sentem, ou que não se importam. Escrever é libertador e prisioneiro. É dar-se em letras à alguém, é cuspir o sentimento engasgador, é ler uma vida, é tornar-se decifrável. É fazer com que cada ser sinta o que antes era sentido sozinho.

Tânia F.

23:59

Não sei se ainda quero que o tempo passe. Eu quero mudar o imutável, eu insisto no inexistente, eu sou quem empurra e tenta incansavelmente frear os ponteiros incontroláveis desse relógio da vida, que insiste em continuar girando. Eu quero adiar os dias, as despedidas e tudo mais que seja cômodo. Ou pior, eu quero permanecer no incômodo. Eu quero o novo dia na vida velha, eu quero os novos momentos com as lembranças antigas. Eu quero as novas pessoas na fila de espera, porque ainda não sou suficientemente boa para substituí-las. Não estou aberta à novos contratos, ainda não estou aceitando novos currículos, sou essa hoje e amanhã. Depois, não sei. Tenho medo da mudança do novo e temo a despedida do antigo.

Tânia F.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Girar...

(...) eu já me agarrei às ilusões como se pudesse descansar no horizonte; converter mentiras em verdades, ou pesadelos em sonho bom. Fui de me encantar com tantos reflexos e esquecer de mim; ocupando-me com quadros sem querer saber de artista; esquecendo da vida ignorando o tempo. Consumindo a Alma por caminhar sofrendo. E agora, abro mão da lembrança em troca de qualquer novidade, e do mistério no lugar de qualquer segredo que me distraia. Troco o aconchego de um abraço pelo calor do sol; o beijo na boca pelo caminhar no pasto; um elogio pelo cantar dos pássaros. Esqueci do teu perfume ao me embriagar com as flores; esqueci das tuas cores ao me enamorar com a escuridão; esqueci de entender saudades quando me deixei apenas sentir. E qualquer leve sintoma de emoção hoje me comove e me renova e surpreende com as mesmas esquinas e ruas que levam o teu nome. Por isso deixei cidade pra me encontrar no céu, onde confesso estrelas e tempestades, nuvens e barulhos que o vento carrega à espera de saber qualquer silêncio que me abrigue. E então me encanto com qualquer poesia nos olhos, uma atenção dispensada ou um sorriso nos lábios a me convencer buscar-me inteiro, ainda que eu parta, minta e desminta o meu querer. Ainda que acabe todo comigo. Sou tão medroso que me satisfaço com um amor inventado; mas também sou destemido por viver só no amanhã, onde me enfeito com alguma cor que eu goste ou um acaso onde eu possa escolher as falas, mesmo que eu repita o mesmo roteiro e os mesmos erros. Evito sofrimentos no carrossel dos dias que passam sem me levar a lugar nenhum; mesmo que o mundo não pare de girar.

Guilherme Cardoso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Me espera só mais um pouquinho"

É como se eu estivesse em um sonho, onde sei que nada é real e mesmo assim continuo querendo viver. Cansei de brincar de vida, cansei do seu ser utópico e fantasioso.

Qualquer sintoma de emoção que insiste em pulsar aqui dentro possui prazo de validade. Não consigo ir além quando reconheço que vou ter que te deixar ir, eu prefiro me iludir com o pra sempre do que viver intensamente o nunca. Medo, covardia, talvez.

Então, não me abraçe, não segure minhas mãos como se elas fossem incrivelmente valiosas, porque elas não podem ser para você. Não quero mais acreditar nos seus olhos que indiretamente me dizem sempre para esperar só mais um pouco, enquanto passeia de mãos dadas com outro amor, e volta.

Estou partindo.

Desejo somente o que for concreto, o que possuir gosto de realidade, sem qualquer tempero de ilusão. Vai, eu te deixo ir. Me deixa ir também, o nosso mundo precisa girar.

Tânia F.

domingo, 30 de outubro de 2011

Alguém que vê de fora.

Ela ainda sente que precisa dele aqui. E ele, vez ou outra ainda a encontra dentro dele. A pergunta em questão é: o quanto isso importa agora? Eles são tão parecidos que encontram os próprios defeitos no outro e criam repulsa automática. Eles, sem saber, se amam.

Não é um amor destes em que você está pensando, é muito mais que isso. Ela o compreende, ele é seu cúmplice, diversas vezes um limpou a lágrima do outro,  simplesmente se escutaram, ou um abraço curou absolutamente tudo. É um daqueles amores que se completam, que são fiéis, que são divertidos, que sabem que sempre existe o outro, é aquele amor não egoísta, é um amor que dá conselhos, que ouve, que briga, que cuida, que procura, que consola e orienta. É muito maior do que qualquer amor que você está pensando. Eles nunca trocaram um beijo, mas entre eles existem afetos intermináveis que significam muito mais. E machuca, machuca tanto quanto qualquer outro tipo amor.

Não sabem a situação em que se encontram agora, não sabem como irão resolver, não sabem se o tempo irá curar. E assim vão levando, sentindo uma falta abafada no peito. Agora substituída por outras pessoas, por sorrisos forçados, conversas superficiais e segredos mantidos em si. Eles não percebem o quanto suas brigas são bobas, o quanto suas discussões são ingênuas e o quanto é realista a necessidade do outro em si. Eles são amigos, ou eram. Não se sabe. O que se sabe é que eles sempre desistem um do outro para sempre todos os dias, e voltam atrás.

Tânia F.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dissemelhante.

Venha, sente ao meu lado. Não pergunte coisas bobas, não pergunte se estou bem. Tantos já perguntaram isso. Inicie uma conversa sobre o jeito que meus olhos piscam, fale das imperfeições dos meus dedos. Me faça rir de um defeito. Não seja comum, porque no mais íntimo essa é a espera, de que tudo seja simples, óbvio e banal. Seja diferente. Comece falando sobre a minha inquietude, do jeito que minha perna não para quieta, conte-me suas crenças, seus afetos, aceito até sua rotina se me contar o que te faz sorrir e do que você tem medo. Por que as coisas realmente belas ficaram de lado? Por que as conversas realmente interessantes se tornaram escassas? Não seja abusivo, se eu te contar meus medos é simplesmente porque eles parecerão bestas perto do seu conforto, porque ele valerá a pena. Eu posso até ganhar um abraço.

Coisas banais são tão desinteressantes, me surpreenda!  O normal não me interessa. Me ligue às três da tarde de uma terça-feira, completamente sem motivo. Escreva uma carta. Me faça rir de algo totalmente inusitado, olhe nos olhos, beije minha cabeça quando o que eu mais quiser seja um beijo seu. Me traga uma maçã, ou um desenho, ou um cadarço. Aceito até a folha de um livro. Olhe as nuvens, brinque comigo, e brigue também. Me deixe um dia com raiva por fazer minha barriga doer de rir, me suje, escolha um texto para mim, leia algum meu, ou escreva um. Cante uma música horrível. Mostre que se importa. Dance comigo ao meio dia, sem som algum. Me dê um buquê de flores, ou folhas, ou uma verdura, ou escolha uma estrela para ser nossa. Me deixe te afogar em mim, me belisque, me puxe, ria de qualquer gordura a mais, ou mostre como os meus braços são finos. Invente uma história para eu dormir. Me faça passar vergonha e chorar de rir. Desapareça, não me procure um minuto sequer, mas volte, não me deixe te esquecer. Pode parecer insano, mas é tão bom sentir falta de alguém. Simplesmente me deixe te conhecer, o seu íntimo, a sua alma. Saber o que realmente gosta e o que não gosta, saber o que te faz sorrir. Porque isso sim vale a pena, porque isso sim é único. E é só o que se quer ser. Me deixe participar das suas lembranças, isso é tão difícil hoje em dia. Me faça suar, me faça sentir frio. Mas, por favor, não me deixe normal, não me deixe amena.


Tânia F.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Perigo.

O que por vezes deixou de ser intenso precisa ser constantemente lembrado, caso contrário será substituído. Sua presença é necessária, é perigoso ficar sem te ver.


Tânia F.

sábado, 8 de outubro de 2011

Presunçosa.

Eu caio em armadilhas que não sei sair.
Eu piso em pregos desconhecidos.
Tudo isso seria óbvio se não fosse tão proposital.

Sou tão presunçosa que ando por encruzilhadas jurando que não entrarei em ruas erradas, que não pisarei em falso, que sou incrívelmente boa para sair de qualquer coisa que eu ache que me prenda ou me engane. Eu me engano.

Eu cravo o pé propositalmente no prego desconhecido, julgando-me forte o suficiente para a qualquer momento arrancá-lo fora, sem dor, sem perda daquilo que estava em mim. Esquecendo que o que encontra-se aqui dentro não é tão somente o prego, ele não caminha sozinho. Esquecendo que posso ser contaminada. O amor pode ser uma bactéria.

Tânia F.

domingo, 2 de outubro de 2011

Querido coração,

Eu cuido de você, coração, eu cuido de mim. Eu sei o quanto você desiste para sempre todos os dias e volta atrás, simplesmente porque ele faz você bater mais rápido. Mas não posso mais, é para o seu bem, para o meu bem. Estas são as últimas palavras que eu e você escreveremos sobre ele, combinado? Nós não deixaremos mais as palavras transbordarem de você. Eu sei, coração... eu sei que ele toma você de mim às vezes, mas ele não tomará, nunca mais, feito? Eu não deixarei, eu prometo. Não, eu não esqueci, coração. Não esqueci das vezes que ele fez você estremecer aqui dentro e não vou esquecer, é claro que não. Mas eu e você faremos um esforço para não lembrar, ok? Eu preciso que você me apoie nisso, coração, caso contrário sempre será difícil seguir em frente. E nós queremos seguir, todos os dias. Promete para mim que de hoje em diante não recuaremos? Mesmo que isso seja para encontrá-lo de novo. Devemos lembrar que ele só anda para frente, coração, e que ele guardou você no bolso, que ele só consulta você quando quer. Isso não é suficiente, não se contente com tão pouco, coração, por favor.

Às vezes penso que te acostumei mal, que sempre fiz você tão feliz que quando desisto de algo que você quer, você não aceita e me convence a tentar sempre mais um pouquinho, tudo por você. Mas dessa vez, coração, nós chegamos ao nosso limite, você me compreende, eu sei que sim. Eu e você continuaremos firmes e fortes, sempre foi preciso muito mais que tudo isso para que eu deixasse você despedaçar. E nós continuaremos como sempre: sorrindo. Não precisamos causar preocupações à outros corações que batem em sintonia, você não acha? Pense comigo, coração, pare de sentir tudo isso um pouco e pense. Como nós queremos tanto encaixar alguém em  você se ainda existem peças de quebra-cabeças antigos aí? Eu tenho uma idéia, vamos fazer uma limpeza, arrancar tudo o que não serve mais de dentro de você e consequentemente de dentro de mim? Vamos existir para o novo, coração?

Tânia F.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Desfalecendo.

Eu te olho nos olhos -quase nunca consigo fazer isso-, porque o que me ocorre é indiscutivelmente perceptível. Desfaleço-me, em um mar de palavras que não sei usar. Enchem minha boca e recolhem-se novamente ao coração. Ciclo infinito. Não produzo som algum, somente internos. O coração não decide se para ou dispara. Eu não decido. Eu não penso nada, mas o pensamento pensa sozinho. Agora olho minhas unhas, são o meu melhor refúgio para fechar-me em mim. Enxergo o interior das minhas pálpebras, são tão mais seguras que seus olhos negros. Sinto o coração batendo tão forte que creio que seja possível vê-lo. Somos tão melhores juntos. O mundo se torna besta, as coisas se tornam cômicas, qualquer detalhe é grandioso, qualquer olhar sorri, um mero toque é carinho. É impossível, é de outro mundo, poderia jurar que isso não é daqui, que nunca me vi assim, que você é de outro  modo quando não está aqui.

Ainda assim sou sã, não foi pra isso que vim aqui. Não era isso que você precisava saber. Não é esse o ponto. E eu sei que posso falar, mas as nossas mãos estão tão próximas. Ainda mais agora que seus braços estão em volta da minha cintura, tudo se tornou mais difícil, ou tão claramente mais fácil, ainda estou por decidir, é melhor que seja simples. É perfeita a simetria com que minha cabeça encaixa-se exatamente na curva do seu pescoço, como pode? Agora sim, somos uma pessoa, um coração. Mas, deixa eu te olhar direito, agora que eu respirei fundo e estou preparada, deixa eu te dizer o que está guardado aqui a tanto tempo te esperando, porque eu sei, eu sempre soube que tudo isso era pra você. Mas não, não me conta algo engraçado, não me faz perder a linha. Não faz eu achar que tudo isso é desnecessário, é bobo, é decifrável. Porque não é. Eu já errei tanto achando que as pessoas deveriam entender tudo o que eu penso que demonstro. Deixa eu te ajudar a decifrar, porque é isso. Esse sim é o ponto. Mas não, não, não segure o meu queixo, não converse comigo olhando para a minha boca, isso confunde a minha cabeça. Como você confunde a minha cabeça? Não, de novo não. Quer saber? Sou fascinada pelas suas demonstrações, adoro saber que você virá todas as manhãs e adoro mais ainda saber que tenho o seu sorriso na minha direção assim que a porta se abre, adoro quando você morde os lábios e o seu jeito de abrir mais os olhos toda vez que falamos algo que não deveríamos, adoro imensamente o que você me faz sentir, é um sentimento tão bom. Talvez eu tenha medo de te perder, talvez eu te admire, talvez eu só adore o seu sorriso ou talvez seja muito mais que tudo isso. Mas ainda assim eu preciso saber de você. Você sente? Porque eu com toda a certeza sinto.

Mas me dê um minuto para recuperar o fôlego. Não diga nada por enquanto, só realmente me levante daqui quando for pra caminhar com você.

Tânia F.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um amor que não tinha.

Sinto falta de um sentimento que um dia tive. Falta de um amor que não tinha. Uma parte que perdi. Estaria mentindo se dissesse que sinto falta do amor de uma pessoa que eu não estou certa se amei, mas estaria mentindo se não confessasse que sinto falta daquele cais, aquele porto-seguro, o sentimento-âncora, que me prendia, que me mantinha segura, que me guiava. Sinto falta do meio-amor, do quase-amado. Alguns dias passam em que o peso da liberdade consome, e ser livre já não é tão leve assim, mas não trocaria essa liberdade por nada que não fosse real. Que não fosse sufocante, que não levasse meu ar embora. Asfixiasse os pulmões. Quero virar a esquina e morrer de amor.
Quero alguém pra chamar de amor e estourar por dentro a cada "eu te amo", alguém pra ser o "você" de músicas românticas.
Quero reencontrar um amor que não tinha.

Um novo amor.

Amanda H. Ferreira

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para alguém de dois corações.

Tudo aconteceu na fração de fugitivos segundos. Os olhos piscavam rápido, a perna, como sempre, inquieta. Mas havia uma vontade nova, hoje havia coragem para o que vinha sendo adiado a tempo. Ela nem sabia se realmente queria falar, mas uma vontade súbita a fez cuspir as palavras como se nem fossem suas. Foram tão exatas e resumidamente simples, tão distantes do seu ser em dias normais. A voz com que disse foi tão doce e calma que, nem de longe as pessoas saberiam como seu corpo respondia ao espetáculo do disfarce. Sua voz enganava seu coração, esse por sua vez, em disparo, pronto para parar a qualquer momento. Aquelas palavras não eram deles, não poderiam ser. Como ela conseguiu ser tão clara e objetiva? Como ele conseguiu abusar da sorte e dizer que ainda sentia algo? Uma coisa ela havia descoberto: ela só conseguia fazer as coisas sem planejamento. Assim mesmo, a idéia vinha juntamente com a coragem e ela ia e concretizava. Se esperasse alguns segundos, talvez não fosse mais possível. Mas a vida deveria ser assim mesmo não é? Ainda que planejadas, dificilmente as coisas saem do jeito desejado. Isso. Deveria ser assim: pensamento instantâneo, vontade instantânea. Vida instantânea.

Mas não deixe eu perder a outra ponta do fio. (...)

Tânia F.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tão... eu.


Sou tão assim, tão frágil e tão agressiva, tão observadora e tão avoada, tão cuidadosa e tão desastrada, tão diferente e tão igual, tão risonha e tão sensível, tão... eu.

Sou tanto e nada. Sou demais e pouco. Sou 8 ou 80 e ainda sei ser meio termo. Como? Não sei. Talvez eu consiga ser o que quero, mas somente quando quero. É mentira se eu disser que não perdôo, assim como é mentira dizer que não guardo rancor, que não sinto orgulho, ciúmes ou mesmo o tal amor. Eu posso amar por um defeito e odiar por uma qualidade, minha paciência  é com pressa, minha inspiração é constante e inesperada, meus choros são alegres ainda que eu esteja triste. Não sei demonstrar o que sinto e não sei amar em silêncio. Eu escrevi "amar"? Minhas linhas são tão tênues entre o amor e o ódio. Ódio não. Não sei odiar, não aprendi. Mas também não sei amar e ainda estou aqui. Meus amores me sufocam e me deixam livres. Choro a minha dor, choro a dor dos outros. Ah! Também sei ser fria. Sei virar o rosto, tratar mal e chutar um pouco de terra ao ir embora. Dependendo de quem seja me amaldiçôo ou me parabenizo. Sou depende, ou dependente. Sei ser só e sei ser companhia. Acho que meu dia está escrito quando acordo, ou será que eu o escrevo enquanto o tempo passa? Meu humor é único e inconstante. Sou complicada? Estranha? Sou. Uma complicação tão simples.

Tânia F.

Mudança.

Recordando os últimos acontecimentos da minha vida, percebo que nada (e tudo) mudou. Mas afinal, qual mudança eu estava esperando aqui, sentada e escrevendo? Não me faça esse tipo de pergunta. Estive pensando tanto em mudar, que não percebi que a mudança propriamente dita acontece quando menos esperamos. Não é pensando o que devemos mudar que mudaremos... É vivendo!

Hoje estou aqui, percebendo o quanto mudei sem perceber. Mudei de postura, de casa, de pensamento, de certezas, de jeito, de aparência. Mudei. E não minto: gostei demais de tudo isso. Para mim, a melhor parte da vida são essas mudanças, repentinas e sem o nosso consentimento. Adorei o que me tornei, tão mais madura, com uma posição tão mais firme. Até os meus defeitos são outros! Não me sinto mais como antes, sinto-me infinitamente melhor.

Tânia F.

sábado, 27 de agosto de 2011

Dentro de um abraço.

Em maio passado publiquei uma crônica inspirada num verso da poeta carioca Maria Rezende, em que refleti sobre se dentro da gente era um bom lugar para se viver. Alguns leitores disseram que conseguiam ser bons hospedeiros de si mesmos, já outros disseram que dentro deles a coisa andava tumultuada. Então agora inverto a questão: e fora de nós, qual é o melhor lugar para se estar?

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, na beira de diversas praias do Brasil, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema vendo a estreia de um filme muito esperado e, principalmente, na minha casa, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Em contrapartida, odiaria estar num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde de frente para o mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas aonde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Sexta foi Dia dos Namorados e tem gente ainda esticando a comemoração, então é para esses, em especial, que venho lembrar do local mais aconchegante e 

naturalmente aquecido que há: dentro de um abraço que nos baste.

Martha Medeiros.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Fechada para manutenção.


Não sei, estou tão diferente, tão mudada. Preferindo outras pessoas, outros risos, outros medos, outros abraços e querendo outros amores. Ainda que nem tudo mude, parece que tudo mudou. Ando esperando outras coisas, querendo outros gestos, inventando outros gostos. Eu prefiro assim, o outro, o depois, o amanhã. Por enquanto. Se o hoje, o agora, não bastar. Por que ainda insistir? Ninguém é tão ingenuamente idiota para isso. Não posso mais.

Não tem sido suficiente continuar do jeito que está, não tem sido merecedor. A situação não merece, o tempo não merece, eu não mereço. Estou tão confusa, tantas coisas que ontem eram importantes estão se tornando tão insignificantes hoje. Estou fechada para manutenção. Estou usando uma alma de crivo, e aviso: deixo somente o que valer a pena, esse pouco que vale, pode apostar, está extremamente bem alojado em mim. E o que não valer, talvez eu jogue por cima do ombro para ver se dá sorte, ou talvez eu solte ao vento. Não me importo que viva em qualquer outro lugar, contanto que não seja em mim.

Tânia F.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Atraso.


Adoro o que você causa em mim. Adoro como o riso fica fácil e os olhos piscam leves. Tudo. A sensação de ser livre e ao mesmo tempo ser tão ligada à você. Eu prefiro a nossa companhia. É um sentimento tão bonito e tão puro que acaba somente onde as nuvens começam. Está claro que adoramos as nossas conversas, os nossos carinhos e principalmente a nossa amizade e cumplicidade. Afinal, é isso mesmo que é, não? O anormal, é a necessidade que temos de estar perto, de demonstrar. Tenho tanto medo de estar cega, enxergando somente o que quero, porque, meu Deus, talvez seja isso mesmo: pensamentos, utopias, ilusões. Visões de um bêbado. Talvez seja tudo tão absolutamente normal que teimo em querer ver algo mais. E é? É. É inquestionávelmente normal, para mim, para você. Como pode? Isso está tão confuso que até mesmo eu terei que voltar algumas linhas mais tarde para ter certeza que fiz jus ao meus pensamentos.

Adoro tanto isso que não quero mais remexer. E se eu arrebentar o único fio que ainda nos segura? Se eu for cutucar justo o nosso alicerce? Não sinto mais como se precisássemos falar sobre essas coisas que você causa em mim e eu causo em você (eu causo?), como é que chamam isso mesmo? Sentimentos. É, é isso mesmo? Sentimento é uma palavra que engloba tantas coisas, tão fortes que eu até mesmo temo em usá-la. A dificuldade em que me encontrei hoje foi justamente essa: ainda precisamos remexer e regar essas plantas que teimam em nascer no nosso jardim? Por que nós simplesmente não deixamos elas morrerem de vez? Chegamos à um ponto onde tudo é tão vago e extremamente mal definido que não sabemos mais como fazer. Sentimos um carinho imenso um pelo outro e isso tem bastado a algum tempo. Sinto que é tão impróprio falar sobre amor agora, ou gostar, ou mesmo querer, como se qualquer palavra dita de um jeito errado fosse nos fazer perder tudo o que já conseguimos.
Afinal, por que agora? Já passou, e... sumiu. É necessário talvez, mas estamos tão atrasados. É uma pena.

Tânia F.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Eu só preciso de você.

Nunca o vi, e se o vi e não percebi, me desculpe. Não sei seu nome, não reconheço seu cheiro ao andar na rua, não sei qual seu corte de cabelo, nem as roupas que você costuma usar. Não sei seu telefone, seu endereço, seu livro preferido, ou filme. Mas desejo saber tudo isso. Agora, mais do que nunca desejo que você apareça. Eu só preciso de você. As pessoas costumam dizer que a pior maneira de tentar retirar alguém do coração é substituindo-a por outra, passando um outro alguém por cima de um antigo mal apagado. Eu digo que as pessoas estão erradas.

Tânia F.

sábado, 6 de agosto de 2011

Atalho

Não me completo porque eu quero que seja meu o que já pertence aos outros e porque todos já pertencem, de alguma forma. Ninguém mais é virgem de alma. Carregam por aí paixões mal resolvidas, soluções mal apaixonadas, são metades vazias que não podem completar vida nenhuma.

Às vezes sinto que sou espécie de atalho: ajudo no caminho sem nunca ser o ponto de chegada. Não sou destino, apenas distração. É a mim que recorrem os interessados em outras. Usam-me para teste, fazem-me de ensaio, levam minha proteção e cospem minha carne mastigada quando já não lhes serve mais. Devolvem um coração pisoteado que depois só pensa em se fechar de vez para qualquer sentimento do mundo.

Eu ensino amor. Permita-se, eu digo, seja livre dos conceitos alheios e encha o peito de verdades, sinta. E quando finalmente compreendem o que estou dizendo, compartilham isso com outra pessoa. Entregam meu amor, o amor que eu criei, para alguém mais simples e de riso fácil, que não se sente só no meio dos outros. Tudo bem, eu entendo. Porque é chato ficar perto de quem nunca se satisfaz. É cansativo lidar com tanta melancolia. Mas tem mais que isso dentro de mim. Tem um cansaço que só quer um colo pra se desfazer. É isso, minha cura é um abraço. Dois braços, um coração, e o que mais vier junto.



Texto escrito por Verônica H.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sinceramente...

"Você sumiu" "Você nem deu notícias" "Você tem o meu número" "Você me esqueceu" "Eu senti saudades" . Por favor, se acaso um dia eu te encontrar, não quero e não espero ouvir nenhuma dessas frases. Para mim, sempre foi assim: quando uma pessoa sente realmente a sua falta ela lhe procura.


Tânia F.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Inspiração na madrugada.

Sinto areia nos pés, o cheiro salubre, o vento nos cabelos e vejo a maré ao longe. Mas sei que com o tempo (que está passando desesperadamente rápido) a maré me alcança. Sinto a água chegando aos pés e me acordando para a vida, que está aí, e está passando. Que não espera. E então a onda vem, destruindo cada lembrança, principalmente as que julgo agora desnecessárias. A onda vem derrubando cada sentimento de tristeza, acabando com a esperança  de que os telefones finalmente toquem. Talvez a maré até me esmague um pouco, mas deixa essa parte para o vento que leva embora, pouco a pouco, cada centímetro teu existente em mim. Só por favor, vento, não erga dunas de saudade.

Tânia F.

domingo, 17 de julho de 2011

E nada mais.

Demorei até me sentir pronta pra tirar você de mim, e sei que quando lembrar irá surgir um sorriso involuntário no rosto. Mas será só isso e nada mais, não me permito sentir mais absolutamente nada, nem saudade. Não é difícil. Agarro-me com todas as forças nesse repente, nessa vontade de esquecer que surgiu do nada. E finjo-me de forte, dizendo para o espelho que não ligarei, que não o procurarei. Até que deixaria de me importar já foi prometido. No entanto, eu aprendi. Sim, eu aprendi a encerrar capítulos. E é bom, é muito bom lembrar das coisas que passamos, de alguns momentos que compartilhamos, da cumplicidade que tínhamos. É bom, mas dói e deve ser deixado para trás. Tínhamos uma ligação, com um elo fraco. E não nos preocupamos em fortalecê-lo.

Tânia F.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Espelho.

Não, as coisas não são eternas e ninguém é insubstituível. Cansei de ilusões, de me contentar com meras palavras, isso são coisas de alguns anos atrás, ou meses. Hoje sou outra, não olho para trás, não ligo, não procuro, não me importo. E se isso for uma fase, tanto faz, a verdade é que estou muito bem assim. Descobri que a única pessoa de quem eu realmente preciso está diante do espelho.

Tânia F.

domingo, 3 de julho de 2011

Pois é.

"Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.”

Caio Fernando Abreu.

O meu conforto.

Era algo diferente de tudo, não era amar, não era precisar, não era somente querer. Ele era um calmante. Era seguro para o coração saber que ele não havia ido.

Tânia F.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sol, venha.

Um mês: tudo o que eu preciso. Um mês sem te ter ao lado, um mês sem teus abraços e tuas brincadeiras, um mês sem tua voz. Haverá sol, calor, pessoas, haverá tudo para desviar o pensamento, esquecer terá que ser fácil. Não foi amor, tem que ser passageiro.

Tânia F.

domingo, 26 de junho de 2011

Somos dois.

Nós não somos somente amigos. Também não somos nada além disso. O que somos? Me responda, mas responda hoje, agora. Amanhã poderemos acordar e não sermos mais nada do que não sabemos ser.

Tânia F.

O que acontece é diferente do que deveria acontecer.

Ela ainda pode conversar com ele, fazer elogios vagos, brincar. Ela não precisa fingir que não o conhece. Mas, as pernas enfraquecem perto dele, os braços o procuram, os risos ficam bobos. Talvez ela precise manter certa distância agora. Continuar desse jeito não é saudável, não agora. Não mais.

Tânia F.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tanto faz.

E vem você dizer que eu não sei nada sobre o amor. Me perdoe, mas então diga-me: em que ponto é amor e em que ponto deixa de ser? Você também não sabe. Sei o que sinto, se é amor ou não, tanto faz.

Tânia F.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Estranho.

É estranho. Você é estranho, eu sou estranha, nosso relacionamento é estranho. Eu sinto demais. Eu não sinto nada. Ora sou amor, ora sou indiferença.

Tânia F.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Eu já não sinto nada, sou todo torpor"

Eu sempre tive esse medo, o de me tornar fria, áspera e insensível. E acho que isso está acontecendo. Às vezes é boa a sensação de ser intocável - e que confuso: acho que gostei.

Tânia F.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Vai.

Quero que pare de ser gentil comigo, pare de sorrir para mim, pare de me abraçar, de segurar as minhas mãos e me dar beijos lentos. Você não pode agir assim e eu não posso fingir que isso é algo. Porque não é.

Será dificil no primeiro dia? Será. No segundo e no terceiro também. Mas as coisas se alojam no peito devagar. E agora você está indo, mesmo que de passos lentos. Você está indo.

Tânia F.

Eu quis...

Eu quis significar coisas que você não conseguiria explicar, quis ser o motivo do teu primeiro sorriso do dia, quis ser um sentimento bom, ser ligações, palavras bonitas, quis ser abraços, beijos e sinceridades. Eu quis ser tudo pra você. E "tudo" é muito.

Tânia F.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O meu mistério.

Nunca havia deixado claro o que sinto e nunca a minha demonstração foi suficiente. Eu sempre escolhi o mistério, ou por medo, ou por aprendizado. Eu preferia a incerteza de não o ter simplesmente pelo fato de não te deixar saber o que se passava dentro de mim, do que essa certeza de ter te mostrado tudo e, ainda assim, perceber que pra você foi indiferente.

Pra mim, é triste quando desistem de desvendar o meu mistério. Por essa razão, nunca deixo claro o que sinto. Mas sinto. Não ser transparente não significa não sentir. Talvez o meu maior erro tenha sido o de deixar claro o que se passa em mim. O mistério instigava. O mistério instiga.

Tânia F.

sábado, 28 de maio de 2011

Tentação.

Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos. No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução

Clarice L.

De vez em quando.

As vezes, tenho medo de deixar o que eu escrevo soar extremamente desesperador. Porque não é. Apenas gosto de você, gosto muito de você, mas não preciso. Apenas gostaria que você viesse de vez em quando, mesmo que seja só de vez em quando.

Tânia F. Quaresma

Marasmo.

Vem, me telefona, chama, grita, me procura. Me deixa te escutar, te sentir. Nem que seja só por hoje, só por agora. Vem.

Tânia F.

Confidência.

Ela sentia medo. Um medo terrível de se machucar novamente, um medo de se iludir, de se apegar ao que era uma incerteza ser recíproco.

Tânia F.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ele não veio e a noite inteira o telefone permaneceu em silêncio.

Tem sido assim, esses dias, incertos. Incerteza fraca, como diria Caio: "incerteza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? O que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará."

Sinto que existe uma relação, uma conexão, um vínculo. Algo que não sei descrever, não sei explicar e muito menos entender. Não sei até que ponto isso é certo (e quando se sabe?), não sei até que ponto isso é justo. Então prefiro deixar assim: certeza mergulhada em um balde de orgulho. Por enquanto. Só não demore. Não deixe isso se perder, não deixe se transformar em nada. Não me deixe ir.

Foi impulso, surpresa ou puro destino? Destino não, tudo menos destino! Surpresa foi, mas daquelas que você tenta se convencer que não pode acontecer, porém, sabe que existe (mesmo que pequena) possibilidade. E impulsos? Ah! Queridos impulsos, por que ainda dou voz à vocês? Não me criaram arrependimentos, no entanto, criaram dias inteiros de pensamentos perdidos. É incrível como essa situação não dói, pode doer mais tarde, talvez. Então, coloco um sorriso no rosto e música nos ouvidos, ultimamente ela tem espantado suposições infinitas que insistem em passar pela minha cabeça. Coloco música nos ouvidos para abafar o coração.

Tânia F.
 
 
O que houve foi um pensamento impiedoso e exatamente assim: não faço parte disso. Secamente, definitivamente, eu não fazia parte daquilo. [...] Por razões que não sei explicar; e nem precisariam tentar ser explicadas porque eram e, pior, continuam sendo completamente indiscutíveis. (Caio f.)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desejo, ou não.

Você chegaria como todos os dias, com o seu sorriso fácil e diria que nós iríamos conversar, porque você tinha uma notícia, um sigilo, um segredo. Eu iria insistir para saber naquele momento e você, como sempre, iria adiar, me deixaria curiosa até eu parecer não estar mais interessada em saber e então, nós sentaríamos um ao lado do outro, você olharia para mim, olharia para baixo e olharia para mim denovo, você não saberia como começar. Eu iria fingir perder a paciência e você, depois de morder o lábio, diria que tudo está de acordo com a normalidade, que está tudo organizado e nos trilhos. Eu iria sorrir e te daria um abraço bem apertado, daqueles que fazem doer de tão forte, porém que fazem sorrir durante a dor. Eu não conseguiria esconder a felicidade.

Eu diria que iria pensar, porque seria inevitável, porque seria necessário, importante ou, talvez pelo meu simples orgulho e seriam os pensamentos mais cruéis. Eu sentiria medo de acontecer tudo novamente e pensaria em desisitir, eu pensaria em desistir e sentiria medo. Iria surgir uma vontade imensa de tentar novamente, mas eu precisaria de uma prova de mudança maior ainda. Eu iria pensar nisso o dia inteiro até perceber que não chegaria à nenhuma conclusão. E então, nós conversaríamos e eu teria certeza do que você quer, saberia o que você pensa e principalmente o que você sente. Nós seríamos sinceros. Eu talvez fosse capaz de apagar o passado com a mesma mão que, um dia, cobriu o rosto e tentou disfarçar o choro, e você diria tudo o que eu quero ouvir com a mesma boca que, um dia, mentiu.

Não é assim que deveria ser?

É, ou não é, talvez. E como seria diferente se tudo acontecesse dessa forma, no ritmo certo. Do jeito certo -e quem disse que esse é o jeito certo?-. Às vezes, não nego, espero, porém, em outros momentos (nos que a razão prevalece) percebo o quão insano e improvável isso é. Problema grande: querer mas não poder, querer mas não querer.

Tânia F.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fios.

  Sei que tudo isso é uma absoluta loucura, e qual a probabilidade de uma loucura dar certo? Estou com um medo terrível de estar fazendo errado. Te machucar me machucaria.
  Um mês e cinco dias infelizmente não foram suficientes para esquecer. Me desculpe, mas penso em dar meia-volta. Talvez eu deva mesmo deixar tudo para lá, jogar para o alto e esquecer. O problema é que quando estou conseguindo desfazer o meu emaranhado de confusões perco a outra ponta e deixo tudo trançar novamente.

Tânia F.

Mutualismo.

Não sei se, de fato, quero você
digo, como algo mais.
Sei que te quero bem, mas não necessariamente comigo.
Podemos fazer dar certo? Mesmo?
"Se você quiser conseguiremos"
Só não iremos deixar que pareça algo mecânico, forçado.
Afinal, é?

Você sempre esteve aqui, então não vamos deixar que essa relação acabe por um simples
eu-sei-que-preciso-de-alguém-agora-poderia-ser-você?
Infelizmente não é só uma questão de sorrir e andar de mãos dadas,
Tem mais a ver com sentir.
Faria uma diferença muito grande se o "sentir" não fosse por você?

Tânia F.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Quem poderia ter advinhado o gosto amargo-doce que isso teria?

Desculpa, digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade, não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só essa vontade quase simples de estender o braço pra tocar você, faz tempo demais que estamos aqui parados conversando nessa janela, já dissemos tudo o que pode ser dito entre duas pessoas que estão tentando se conhecer, tenho a sensação, impressão, ilusão de que nos compreendemos, agora só preciso estender o braço e com a ponta dos meus dedos tocar você, natural que seja assim: O toque, depois da compreensão que conseguimos, e agora. Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha pra mim, sorri. Quanto tempo dura? [...] Eu sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá dizer: Não.

Amanhã não sei, não sabemos.

Até quando esses remendos inventados resistirão à peste que se infiltra pelos rombos do nosso encontro? [...] Chega em mim sem medo, toca meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções do rádio. Depois me diz: "-Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas e nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa. O resto? Ah, os restos são restos. E não importam. Quero dividir meu olhar, desaprendi de ver sozinho e agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia, e não consigo mais ver nenhum anjo em você, pastor, mago, cigano, herói intergaláctico, argonauta, repercante, e agora que vejo apenas um rapaz.[...] Cabelos tão negros, rosto quase quadrado, quase largo, olhos perdidos, boca de naufrágio vermelho pesado sobre o escuro da barba malfeita, olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real, e vou dizendo lento, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo leve, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você de você muito de você.

Há muito tempo estava acostumado a apenas consumir pessoas como se consome cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou. Desculpe, mas foi só mais um engano? E quantos mais ainda restam na palma da minha mão? Agora está feito e foda-se, nada vale a pena, puxar cobertas, cobrir a cabeça, tudo vale a pena se a alma, você sabe, mas a alma existe mesmo? E quem garante? E quem se importa?
Te procuro em outro corpo, juro que um dia te encontro.
Não temos culpa. Tentei. Tentamos.
 
Caio Fernando Abreu 

domingo, 17 de abril de 2011

Se você realmente quer fazer algo, faça o mais rápido possível.

Sinto-me estranha.
Exatamente, se alguém quiser saber é assim que eu me sinto ultimamente: estranha, esquisita.
Tenho esperando por algo que não é preciso esperar, de fato, algo que tenho a certeza de que não irá acontecer. Não pretendo me iludir, nem criar falsas expectativas. Essa espera é algo que foge do meu controle.

E você não faz nada, fica aí, estático, como se nada o perturbasse, nada o comovesse. Parece-me que você se determinou a não fazer nada, e continua assim, quieto, brando, calado.

Conheço-me, e o que me conforta é saber que não me sentirei assim para sempre, para ser mais exata, estarei desse modo em um curto espaço de tempo. E eu desistirei, assim como já desisti outras vezes. Não pense que desisto de tudo, porém, quando percebo que o esforço não é recíproco, eu contenho-me, não me permito continuar.

Tânia F.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Carta.

Querido amor,

não tentarei mais encontrá-lo, não acharei mais que você está aí para eu descobrir. Não imaginarei mais meu futuro com você, nem acharei que algum dia vi sua sombra fazendo alguma curva do passado. Não sei se algum dia você já me visitou, e se visitou porque demorou tão pouco? Não tentarei mais explicá-lo para mim mesma, nem para os outros. E falando em explicação, tenho muitas perguntas pra fazer para você, mas isso fica para mais tarde.

  Agora, nesse momento, não o quero em minha vida. Enquanto eu (e somente eu) não for o suficiente para você, peço que não me procure também. Não pense que é egoísmo da minha parte, nem que espero muito. Na verdade temo em esperar, expectativas elevadas normalmente não se dão muito bem comigo, mas esse não é o ponto. A verdade é que cansei, ou pelo menos cansei do que eu achei que você era. Sinto que desisti de você, de fato, desisti de te procurar. No entanto, se você sentir a minha falta... Preste atenção! Somente se você sentir a minha falta e estiver de acordo com o meu "egoísmo", me procure.
 
Tânia F.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Devaneio.

E quando alguém significar muito? Quando alguém fizer muita falta?
Tudo isso muito mais do que você esperou.

Me pergunto como a mesma pessoa que me causa repúdio é a mesma que me faz sentir um carinho tão imenso (e intenso). Sinto que não devo sentir o que sinto, assim como não deveria pensar as coisas que penso e muito menos esperar as coisas que espero.
Mas sinto e penso e espero.

Tânia F.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sete meses, nove dias.


Como escreveu Caio Fernando Abreu: "Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

Decepção é com toda certeza uma das piores coisas que alguém pode sentir. Não me culpe por não ser perfeita, por não demonstrar, por não querer mais entender, conversar, olhar. Tenha a certeza que se isso tudo está acontecendo é por um erro seu. Exclusivamente seu.

Eu quis me poupar, quis acreditar, quis não saber, quis evitar, quis relevar, quis tampar os olhos e fingir nunca ter visto você cometer esses erros. Era tudo o que eu queria. Acordar e perceber que isso tudo não passa de um sonho, e tenha a certeza quando digo que não exagero. Me sinto esgotada, vazia. Pareço forte, e sim, somente pareço. Preciso urgentemente que as coisas enfraqueçam, percam logo o sentido, as forças, o ânimo, o alento. Me desculpe, ou não me desculpe, só não me culpe.

Tânia F.

terça-feira, 22 de março de 2011

Estático

Não estou fazendo nada errado.
Estou apenas deixando as coisas menos dolorosas.
Deixando-as do mesmo jeito. É mais fácil.

Porque querer uma certeza agora?
O tempo não é suficiente para mostrar?
É melhor deixar pra lá, não questionar, não insistir.
Ou falta coragem, ou é o puro conformismo de sempre.


Tânia Quaresma

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Confissão

Escrevo as coisas que sinto. Às vezes escrevo até mesmo o que eu não deveria sentir, não deixo as pessoas lerem. Já joguei muitos textos no lixo. E apesar de saber que são como pedaços de mim, doeria se eu os lesse novamente. Tenho medo da conclusão que eu tiraria. Tenho medo de ter a certeza de que não deveria sentir o que escrevo.
 
Tânia F. Quaresma

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Anjos.

Muitos me fazem sentir saudade nesse momento, mas eu não me importo. Essa é uma das muitas provas de que eles são realmente importantes pra mim. Compartilhei com vocês meus pensamentos, minhas incertezas, minhas inseguranças, meus defeitos, meus medos, e como anjos vocês aceitaram cada pedaço de mim. Verdadeiros anjos. Sobre poucas pessoas eu posso dizer isso, mas a quantidade não tem importância, é exatamente sobre esses "poucos" minha maior admiração. Pessoas de caráter, pessoas compreensivas, sinceras, verdadeiras, somente essas pessoas eu quero ao meu lado. E eu tenho.

Mesmo se vocês não souberem a quem recorrer, eu estarei aqui. Se tudo der certo e principalmente se tudo der errado, eu estarei aqui. Eu só desejo ser uma ponte sobre águas turbulentas na vida de vocês. Porque é exatamente isso que vocês representam para mim. Anjos, obrigada por me deixar chamar vocês de amigos.

Tânia F. Quaresma

Dedico aos poucos, porém, verdadeiros amigos.