terça-feira, 22 de novembro de 2011

Girar...

(...) eu já me agarrei às ilusões como se pudesse descansar no horizonte; converter mentiras em verdades, ou pesadelos em sonho bom. Fui de me encantar com tantos reflexos e esquecer de mim; ocupando-me com quadros sem querer saber de artista; esquecendo da vida ignorando o tempo. Consumindo a Alma por caminhar sofrendo. E agora, abro mão da lembrança em troca de qualquer novidade, e do mistério no lugar de qualquer segredo que me distraia. Troco o aconchego de um abraço pelo calor do sol; o beijo na boca pelo caminhar no pasto; um elogio pelo cantar dos pássaros. Esqueci do teu perfume ao me embriagar com as flores; esqueci das tuas cores ao me enamorar com a escuridão; esqueci de entender saudades quando me deixei apenas sentir. E qualquer leve sintoma de emoção hoje me comove e me renova e surpreende com as mesmas esquinas e ruas que levam o teu nome. Por isso deixei cidade pra me encontrar no céu, onde confesso estrelas e tempestades, nuvens e barulhos que o vento carrega à espera de saber qualquer silêncio que me abrigue. E então me encanto com qualquer poesia nos olhos, uma atenção dispensada ou um sorriso nos lábios a me convencer buscar-me inteiro, ainda que eu parta, minta e desminta o meu querer. Ainda que acabe todo comigo. Sou tão medroso que me satisfaço com um amor inventado; mas também sou destemido por viver só no amanhã, onde me enfeito com alguma cor que eu goste ou um acaso onde eu possa escolher as falas, mesmo que eu repita o mesmo roteiro e os mesmos erros. Evito sofrimentos no carrossel dos dias que passam sem me levar a lugar nenhum; mesmo que o mundo não pare de girar.

Guilherme Cardoso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Me espera só mais um pouquinho"

É como se eu estivesse em um sonho, onde sei que nada é real e mesmo assim continuo querendo viver. Cansei de brincar de vida, cansei do seu ser utópico e fantasioso.

Qualquer sintoma de emoção que insiste em pulsar aqui dentro possui prazo de validade. Não consigo ir além quando reconheço que vou ter que te deixar ir, eu prefiro me iludir com o pra sempre do que viver intensamente o nunca. Medo, covardia, talvez.

Então, não me abraçe, não segure minhas mãos como se elas fossem incrivelmente valiosas, porque elas não podem ser para você. Não quero mais acreditar nos seus olhos que indiretamente me dizem sempre para esperar só mais um pouco, enquanto passeia de mãos dadas com outro amor, e volta.

Estou partindo.

Desejo somente o que for concreto, o que possuir gosto de realidade, sem qualquer tempero de ilusão. Vai, eu te deixo ir. Me deixa ir também, o nosso mundo precisa girar.

Tânia F.