segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Para sobreviver.

Fecho os olhos, inclino a cabeça para cima, olho o céu, o teto, o que me cobrir, a dimensão não importa. Eu crio minhas próprias dimensōes no pensamento. A música alta nos ouvidos mexe de alguma forma com os meus sentidos e sensações. Percorre o corpo, alivia a vida, ameniza as dores. Só quem é sensível o suficiente consegue sentir a vibração da música em cada veia.

Tânia F.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Traduzindo-me momentaneamente.

Tenho a triste farsa da felicidade, do bem-estar. Dificilmente eu deixarei olhos curiosos avistarem a minha falta de algo. Distribuo sorrisos, porque acredito que nem todos me entenderiam, e de fato, poucos entendem. Possuo um jeito muito particular de lidar com meus problemas e quando finalmente procuro um ombro ou uma palavra guiadora é porque cheguei ao meu limite -felizmente não nasci para suportar bajulação - . Tenho alma e coração extensivos, adio o necessário. Encontro sempre mais um espaço para a espera. Guardo tudo e todos até a paciência transbordar pelos poros. Até... até sentir esse suor definitivo.

Tânia F.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um problema.

Um gesto inapropriado, uma frase mal dita, um cheiro de rejeição, um olhar de indiferença. E eu partia, sem olhar para trás. Já possuía diálogos prontos para cada uma de minhas fugas, era só adaptar melhor ao personagem da vez. Então, me diga, o que me acontece agora?

Tânia F.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Isso tem nome.

— Eu brigo mentalmente com ele quase todas as noites, descubro que o odeio toda semana.
— Você aperta os olhos e faz bico sempre que escuta alguma brincadeira ridícula, você ri da cara dele quando ouve alguma piada sem o menor sentido. Mas sei que você se repudia e amaldiçoa o dia inteiro esperando que o telefone toque. Você não procura, simplesmente porque desaprendeu a ser doação. Cuidado, menina, ódio é uma linha tênue. Quem muito odeia, muito se importa. Isso tem nome.

Tânia F.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Imensurável.

Mentes queridas, não achem-na distante, ela apenas está somente em si no momento. É necessário a limpeza da alma para novos inícios esplêndidos. É fabuloso poder partir, retirar as âncoras, escancarar as janelas e trocar o ar. Deixem-na destruir as portas, arrebentar as cordas vocais, correr o suficiente para sair do chão, permitam que ela vire as costas, que levante a sobrancelha, cruze os braços e dê gargalhadas rolando ao chão. Incrível mesmo é o rompimento dos ciclos, a quebra das rotinas, a novidade, a mudança, os horizontes nunca antes vistos, o arrepio inicial. Ela possui uma fascinação única pelo novo, pelo inalcançável, pelo infinito. Ela só quer ir mais, além de tudo o que já viveu. Ter risos mais demorados e choros mais curativos.

Tânia F.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Reticências.

A maré nos levava juntos, porque me desgrudar de você era quase impossível. Lembra do vento que estava na praia? Eu lembro do teu gosto salgado. Nós fomos tão bons que tivemos que deixar de ser. Adorava a sensação da minha unha na sua bochecha, tão hilariamente lisa. Precisaria ter visto o sol se pôr infinitas vezes pra esquecer a sensação que eu tive ao vê-lo com você. Até o modo que eu tremia de frio na areia era motivo de risada, era absurdamente fácil sorrir contigo. Você fazia um mundo bobo parecer hilário, tem tanto que ainda sei. Mas, garoto, não me pede pra ficar, não faz eu me sentir boba e aceitar tudo como uma inocente brincadeira. Você já estendeu a mão para mim tantas vezes que tenho medo que seja exatamente isso que eu queira de você: somente ajuda para erguer-me novamente.