É como se eu estivesse em um sonho, onde sei que nada é real e mesmo assim continuo querendo viver. Cansei de brincar de vida, cansei do seu ser utópico e fantasioso.
Qualquer sintoma de emoção que insiste em pulsar aqui dentro possui prazo de validade. Não consigo ir além quando reconheço que vou ter que te deixar ir, eu prefiro me iludir com o pra sempre do que viver intensamente o nunca. Medo, covardia, talvez.
Então, não me abraçe, não segure minhas mãos como se elas fossem incrivelmente valiosas, porque elas não podem ser para você. Não quero mais acreditar nos seus olhos que indiretamente me dizem sempre para esperar só mais um pouco, enquanto passeia de mãos dadas com outro amor, e volta.
Estou partindo.
Desejo somente o que for concreto, o que possuir gosto de realidade, sem qualquer tempero de ilusão. Vai, eu te deixo ir. Me deixa ir também, o nosso mundo precisa girar.
Tânia F.
.. me agarro às ilusões como se pudesse descansar no horizonte. Troco o aconchego de um abraço pelo calor do sol. Esqueci do teu perfume ao me embriagar com as flores. Eu confesso vazios e barulhos que o vento carrega, à espera de declarar qualquer silêncio que me abrigue. E qualquer sintoma de emoção me renova e me levanta e me encanta, e me convence a buscar-me inteiro, ainda que parta, suma, ainda que minta e desminta o meu sentir e o meu querer. Ainda que acabe todo comigo. Sou tão covarde que me satisfaço com um amor inventado. E tão destemido por só viver no amanhã, onde me enfeito com qualquer cor que eu goste; com qualquer ensaio onde eu escolha os diálogos. Onde eu sempre vença e não morra, ainda que eu não saiba o meu desfecho. Ainda que eu repita o mesmo roteiro, mesmo que o mundo não pare de girar.
ResponderExcluir"Eu prefiro me iludir com o 'pra sempre' do que viver intensamente o 'nunca'."
ResponderExcluirSabe Taninha, uma pessoa a quem admiro muito falou algo que passou pela minha mente assim que li esse trecho. Ele disse: "Não diga nunca que algo 'nunca' vai acontecer. Porque mesmo que passe todo o 'pra sempre' o 'nunca' ainda não teria acontecido." Depois ele sorriu e disse, brincando, "É, nem eu entendi o que eu disse!" Os olhos dele denunciavam o marotismo por detrás das palavras e das pupilas cintilantes de quem apresentou um mistério a se pensar. Eu entendi o que ele disse no momento em que ele sorriu. Tenho certeza de quw você entendeu também.
Sabe, o que quero dizer com tudo isso é que, na verdade, você não vive o "nunca" intensamente. Nem sequer vive o "pra sempre", porque essa história foi real demais para ser utópica. Aconteceu, sim. E o que vai ficar pra sempre é a memória de alguma música, um beijo ou dois, um quê de romance, a falta do algo a mais, e talvez um perfume.
Mas a mente engana sempre. O seu caminho racional é esperar a irracionalidade se tornar real...e até lá fantasia o utópico. Não é covardia! Nunca foi. O mundo permanece girando sempre na mesma órbita, com a mesma gravidade...Então será que quem não está dizendo com os olhos "Te espero mais um pouquinho" não é você?
O texto inspirou comentário. O comentário, um novo texto. E ele também é seu. Lá na Ilha. :)
ResponderExcluirhttp://arkhipelago.blogspot.com/2011/11/girar.html