domingo, 25 de março de 2012

Superficial.

Talvez eu ande procurando pessoas completas, em um mundo onde ultimamente todos são pela metade. Eu sempre aceitei o fato de que quero mais do que se pode oferecer. Eu não quero casca, fantasia, utopia. Eu quero abraço, alívio, olhar, arrepio, coração, alma e tudo mais que não encontrarei em uma noite. Portanto, decreto a partir de hoje, que desconheço a emoção. E assumo a pesada carga de não querer conhecê-la. Eu desisto do superficial. Não estou disposta a beijar sedentas mil bocas diferentes na mesma noite, só para amenizar uma solidão que não existe, ou para estampar que "vivo intensamente". Se essa for a definição mundial eu, simplesmente, não me encaixo aqui - e nem quero.

Tânia F.

terça-feira, 20 de março de 2012

Aquarela infinita.

Não me encontro em lugar algum, não fico à vontade com coisas definidas, simples e claras. Só o mistério me instiga, só a dúvida me atrai. Sou formada por cores indefinidas e imagino tudo o que é possível antes de ser. Sou abstracional, só eu sei o que penso quando sou. E espero que nunca me mudem, não quero perder nunca essa aquarela interna infinita, nem quero ser passível de entendimento o tempo todo. Sou formada por rabiscos verdadeiramente meus e creio que belo mesmo é o interno que não se limita, que não se entende. E algum dia, quando alguém me contemplar o suficiente para conseguir me desvendar, saberei então, à quem pertencerei.

Tânia F.

sábado, 10 de março de 2012

Castelo.

Nós dois fomos tanto, que tenho medo de perceber que na verdade não chegamos a ser nada.  Evito percorrer as ruínas do nosso castelo, seria doloroso demais atravessar aquelas portas em que está encravado o nosso riso, ou quem sabe escancarar as janelas em que o nascer do sol revive todos os dias o que vivemos, trancafiados por aquelas grades, nunca além. Sonhava, em um dia caminhar contigo nos jardins, ou quem sabe, com ousadia tamanha, atravessar aqueles portões e correr para uma vida no mundo real, antes que a utopia nos agarrasse pelos braços e nos arremessasse, juntos, mais uma vez, sem ver o sol.

Tânia F.