quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O que você nunca vai saber.

Não se aproxime, garoto, eu posso gostar de você. E você não sabe como sou quando gosto de alguém. Já perdi a conta de quantas vezes deixei toda a maturidade construída durante anos se esvair em segundos. A gente é ridículo quando gosta, não é? Fomos ridículos, eu sei. Não faz assim, garoto. Não me trata desse jeito, não pede pra eu te olhar nos olhos quando falo com você, porque, não é preciso explicar, você sabe. Se algum dia eu decidir, de uma vez, me jogar nesse mar negro que é o seu olhar, garoto, eu não volto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mal do século.

Ando cansada de gente que descobre amor setenta e três vezes ao ano. Nunca vou entender gente que ama em uma semana. Talvez eu seja das antigas, talvez o amor tenha sofrido mutação, sei lá. O importante hoje é essa competição desenfreada. Quem ama mais? Quem ama mais? Vendido! Ninguém se preocupa mais em viver uma relação - pra quê? -. O que importa é beijar cinco vezes, amar uma semana, sofrer duas, tchau e bença. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quando você chega.

Te vejo ao longe, chegando, com a cabeça meio baixa e o corpo vagamente cansado. Te vejo vindo. É normal ficar assim meio boba, meio besta, só por te ver, ao longe, chegando? Saber que o que te traz aqui é a minha simples presença faz o meu estômago revirar. Faz eu me tornar o centro, justamente o que eu não suporto ser. Ser o centro requer muita responsabilidade, não sei ao certo se me mantenho firme ou se me sinto infinitamente frágil ao descobrir isso, não gosto que as pessoas esperem nada de mim, prefiro que tudo seja o que for sendo, entende? Sei que entende. Mas tudo bem, se for pra ser o seu centro eu não me importo, se eu tiver que ser responsável com você, eu não me importo. Tá tudo bem. Você já tá fazendo muita diferença aqui, eu posso aprender a suportar que alguém espere algo de mim, se esse alguém for você.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Já que assim decidiste, agora te peço: negue a indiferença. Recuse-a. Pois acredite: tua indiferença fere muito mais do que o teu desamor."

Lucas Costa.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Aconchego.

Eu estou em pé, descalça, no alfalto quente, não sei quanto tempo mais conseguirei manter os pés firmes aqui, às vezes dou certos pulos, e passos para frente ou para trás, ninguém gosta muito de caminhar descalça sobre o asfalto quente. Nem eu. O fato é que a vida está me desafiando à algum tempo. Quando se está de pé aqui, no meu lugar, a gente chega a pensar em tudo o que é capaz de aguentar. Sobre o asfalto quente, as pessoas sempre passam correndo, correm de um lado para o outro da calçada, dando a menor quantidade possível de passos. Todo mundo evita. Só quem permanece alguns minutos na quentura, é quem perdeu ou achou alguma coisa muito bonita, digna de admiração. Vejamos, se eu encontrasse meia dúzia de trevos de quatro folhas, amarrados com uma fita vermelha e existisse, quem sabe, uma joaninha que queria proteger suas minúsculas pernas da quentura, e por tal motivo, estaria sobre os trevos de quatro folhas. Talvez, quem sabe, se existisse tal coisa e tal joaninha, eu perderia minutos aqui, sou daquelas pessoas que possuem um encanto natural pelas coisas, e veja bem, ainda assim, não seriam todas as pessoas que fariam o mesmo, e quando falo de gente que possui encanto natural, acredite, eu falo de pouca.

domingo, 5 de agosto de 2012

Outro sorriso, outros textos.

Nunca entendi porque nos adiamos tanto, e sempre achamos isso um motivo pelo qual deveríamos nos orgulhar. A verdade é que já deveríamos ter nos deixado pra trás faz tempo. Agradeço todo o nosso esforço, e sinto muito não atender mais as nossas expectativas. Mas ando tão exausta, de carregar essa nossa história, do passado que insiste em estar no presente, talvez a gente deva se renovar. Se fosse pra ser, garanto que já havia sido.

sábado, 30 de junho de 2012

Tempo perdido.

– Não, não foi tempo perdido – repliquei. Logo eu, que sempre achei que tudo na vida é válido. – Foi e sempre vai ser orgulho entupindo cada poro. Foi risada milagrosa, apoio e carinho indiscutível. Foram fotos não publicadas e, quem sabe, vidas não vividas. Foram beijos atrasados e vontades adiadas. Foi amor, mas também foi nó. 
   E ela, como quem havia treinado este conselho, explicou-me, tão cheia de si: – Nó é diferente de laço, o laço não machuca. E se foi tanto e nada ao mesmo tempo, talvez você deva considerar que tenha sido tempo perdido. 


Tânia F.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Impossível.

Eu temo demonstrar amor, apesar de necessário de vez em quando. É esse "de vez em quando" que me assassina. Tenho em minha cabeça a imagem de que as pessoas só batalham por aquilo difícil de se conseguir. Mas quem disse que também não se desiste fácil daquilo que se mostra impossível?

Tânia F.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu quero, mas não quero.

Garoto, não venha até mim com seus assuntos banais e atenções esporádicas. Não preciso de declarações forçadas ou de palavras impossíveis. Porém, confesso que tenho adorado a sensação de procurar infinitas palavras em minha mente, e ainda assim, continuar muda. Você não sabe, mas a cada dia se mostra mais errado e mais certo. E eu ando te querendo de um jeito meio bobo, meio torto. Te quero tanto e tão pouco, te quero agora e insisto em te adiar ao máximo. Eu quero, mas não quero, ou simplesmente não sei quando. Te quero demais e tenho certeza que quando te ver terei de pedir que volte de onde veio e espere mais um ano, ou oito. Até que eu saia do forno e esteja verdadeiramente pronta pra mim. Porque eu te evito, eu te afasto, temendo que um dia, depois de todas essas tentativas você consiga estourar essa bolha que insisto em me trancafiar. E se você você for melhor que esse meu mundo imaginário? Se eu me identificar mais com você do que com toda essa utópica solidão que me faz companhia todos os dias? 

 Tânia F.

domingo, 25 de março de 2012

Superficial.

Talvez eu ande procurando pessoas completas, em um mundo onde ultimamente todos são pela metade. Eu sempre aceitei o fato de que quero mais do que se pode oferecer. Eu não quero casca, fantasia, utopia. Eu quero abraço, alívio, olhar, arrepio, coração, alma e tudo mais que não encontrarei em uma noite. Portanto, decreto a partir de hoje, que desconheço a emoção. E assumo a pesada carga de não querer conhecê-la. Eu desisto do superficial. Não estou disposta a beijar sedentas mil bocas diferentes na mesma noite, só para amenizar uma solidão que não existe, ou para estampar que "vivo intensamente". Se essa for a definição mundial eu, simplesmente, não me encaixo aqui - e nem quero.

Tânia F.

terça-feira, 20 de março de 2012

Aquarela infinita.

Não me encontro em lugar algum, não fico à vontade com coisas definidas, simples e claras. Só o mistério me instiga, só a dúvida me atrai. Sou formada por cores indefinidas e imagino tudo o que é possível antes de ser. Sou abstracional, só eu sei o que penso quando sou. E espero que nunca me mudem, não quero perder nunca essa aquarela interna infinita, nem quero ser passível de entendimento o tempo todo. Sou formada por rabiscos verdadeiramente meus e creio que belo mesmo é o interno que não se limita, que não se entende. E algum dia, quando alguém me contemplar o suficiente para conseguir me desvendar, saberei então, à quem pertencerei.

Tânia F.

sábado, 10 de março de 2012

Castelo.

Nós dois fomos tanto, que tenho medo de perceber que na verdade não chegamos a ser nada.  Evito percorrer as ruínas do nosso castelo, seria doloroso demais atravessar aquelas portas em que está encravado o nosso riso, ou quem sabe escancarar as janelas em que o nascer do sol revive todos os dias o que vivemos, trancafiados por aquelas grades, nunca além. Sonhava, em um dia caminhar contigo nos jardins, ou quem sabe, com ousadia tamanha, atravessar aqueles portões e correr para uma vida no mundo real, antes que a utopia nos agarrasse pelos braços e nos arremessasse, juntos, mais uma vez, sem ver o sol.

Tânia F.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Para sobreviver.

Fecho os olhos, inclino a cabeça para cima, olho o céu, o teto, o que me cobrir, a dimensão não importa. Eu crio minhas próprias dimensōes no pensamento. A música alta nos ouvidos mexe de alguma forma com os meus sentidos e sensações. Percorre o corpo, alivia a vida, ameniza as dores. Só quem é sensível o suficiente consegue sentir a vibração da música em cada veia.

Tânia F.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Traduzindo-me momentaneamente.

Tenho a triste farsa da felicidade, do bem-estar. Dificilmente eu deixarei olhos curiosos avistarem a minha falta de algo. Distribuo sorrisos, porque acredito que nem todos me entenderiam, e de fato, poucos entendem. Possuo um jeito muito particular de lidar com meus problemas e quando finalmente procuro um ombro ou uma palavra guiadora é porque cheguei ao meu limite -felizmente não nasci para suportar bajulação - . Tenho alma e coração extensivos, adio o necessário. Encontro sempre mais um espaço para a espera. Guardo tudo e todos até a paciência transbordar pelos poros. Até... até sentir esse suor definitivo.

Tânia F.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um problema.

Um gesto inapropriado, uma frase mal dita, um cheiro de rejeição, um olhar de indiferença. E eu partia, sem olhar para trás. Já possuía diálogos prontos para cada uma de minhas fugas, era só adaptar melhor ao personagem da vez. Então, me diga, o que me acontece agora?

Tânia F.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Isso tem nome.

— Eu brigo mentalmente com ele quase todas as noites, descubro que o odeio toda semana.
— Você aperta os olhos e faz bico sempre que escuta alguma brincadeira ridícula, você ri da cara dele quando ouve alguma piada sem o menor sentido. Mas sei que você se repudia e amaldiçoa o dia inteiro esperando que o telefone toque. Você não procura, simplesmente porque desaprendeu a ser doação. Cuidado, menina, ódio é uma linha tênue. Quem muito odeia, muito se importa. Isso tem nome.

Tânia F.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Imensurável.

Mentes queridas, não achem-na distante, ela apenas está somente em si no momento. É necessário a limpeza da alma para novos inícios esplêndidos. É fabuloso poder partir, retirar as âncoras, escancarar as janelas e trocar o ar. Deixem-na destruir as portas, arrebentar as cordas vocais, correr o suficiente para sair do chão, permitam que ela vire as costas, que levante a sobrancelha, cruze os braços e dê gargalhadas rolando ao chão. Incrível mesmo é o rompimento dos ciclos, a quebra das rotinas, a novidade, a mudança, os horizontes nunca antes vistos, o arrepio inicial. Ela possui uma fascinação única pelo novo, pelo inalcançável, pelo infinito. Ela só quer ir mais, além de tudo o que já viveu. Ter risos mais demorados e choros mais curativos.

Tânia F.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Reticências.

A maré nos levava juntos, porque me desgrudar de você era quase impossível. Lembra do vento que estava na praia? Eu lembro do teu gosto salgado. Nós fomos tão bons que tivemos que deixar de ser. Adorava a sensação da minha unha na sua bochecha, tão hilariamente lisa. Precisaria ter visto o sol se pôr infinitas vezes pra esquecer a sensação que eu tive ao vê-lo com você. Até o modo que eu tremia de frio na areia era motivo de risada, era absurdamente fácil sorrir contigo. Você fazia um mundo bobo parecer hilário, tem tanto que ainda sei. Mas, garoto, não me pede pra ficar, não faz eu me sentir boba e aceitar tudo como uma inocente brincadeira. Você já estendeu a mão para mim tantas vezes que tenho medo que seja exatamente isso que eu queira de você: somente ajuda para erguer-me novamente.