segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Desfalecendo.

Eu te olho nos olhos -quase nunca consigo fazer isso-, porque o que me ocorre é indiscutivelmente perceptível. Desfaleço-me, em um mar de palavras que não sei usar. Enchem minha boca e recolhem-se novamente ao coração. Ciclo infinito. Não produzo som algum, somente internos. O coração não decide se para ou dispara. Eu não decido. Eu não penso nada, mas o pensamento pensa sozinho. Agora olho minhas unhas, são o meu melhor refúgio para fechar-me em mim. Enxergo o interior das minhas pálpebras, são tão mais seguras que seus olhos negros. Sinto o coração batendo tão forte que creio que seja possível vê-lo. Somos tão melhores juntos. O mundo se torna besta, as coisas se tornam cômicas, qualquer detalhe é grandioso, qualquer olhar sorri, um mero toque é carinho. É impossível, é de outro mundo, poderia jurar que isso não é daqui, que nunca me vi assim, que você é de outro  modo quando não está aqui.

Ainda assim sou sã, não foi pra isso que vim aqui. Não era isso que você precisava saber. Não é esse o ponto. E eu sei que posso falar, mas as nossas mãos estão tão próximas. Ainda mais agora que seus braços estão em volta da minha cintura, tudo se tornou mais difícil, ou tão claramente mais fácil, ainda estou por decidir, é melhor que seja simples. É perfeita a simetria com que minha cabeça encaixa-se exatamente na curva do seu pescoço, como pode? Agora sim, somos uma pessoa, um coração. Mas, deixa eu te olhar direito, agora que eu respirei fundo e estou preparada, deixa eu te dizer o que está guardado aqui a tanto tempo te esperando, porque eu sei, eu sempre soube que tudo isso era pra você. Mas não, não me conta algo engraçado, não me faz perder a linha. Não faz eu achar que tudo isso é desnecessário, é bobo, é decifrável. Porque não é. Eu já errei tanto achando que as pessoas deveriam entender tudo o que eu penso que demonstro. Deixa eu te ajudar a decifrar, porque é isso. Esse sim é o ponto. Mas não, não, não segure o meu queixo, não converse comigo olhando para a minha boca, isso confunde a minha cabeça. Como você confunde a minha cabeça? Não, de novo não. Quer saber? Sou fascinada pelas suas demonstrações, adoro saber que você virá todas as manhãs e adoro mais ainda saber que tenho o seu sorriso na minha direção assim que a porta se abre, adoro quando você morde os lábios e o seu jeito de abrir mais os olhos toda vez que falamos algo que não deveríamos, adoro imensamente o que você me faz sentir, é um sentimento tão bom. Talvez eu tenha medo de te perder, talvez eu te admire, talvez eu só adore o seu sorriso ou talvez seja muito mais que tudo isso. Mas ainda assim eu preciso saber de você. Você sente? Porque eu com toda a certeza sinto.

Mas me dê um minuto para recuperar o fôlego. Não diga nada por enquanto, só realmente me levante daqui quando for pra caminhar com você.

Tânia F.

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