terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Reticências.

A maré nos levava juntos, porque me desgrudar de você era quase impossível. Lembra do vento que estava na praia? Eu lembro do teu gosto salgado. Nós fomos tão bons que tivemos que deixar de ser. Adorava a sensação da minha unha na sua bochecha, tão hilariamente lisa. Precisaria ter visto o sol se pôr infinitas vezes pra esquecer a sensação que eu tive ao vê-lo com você. Até o modo que eu tremia de frio na areia era motivo de risada, era absurdamente fácil sorrir contigo. Você fazia um mundo bobo parecer hilário, tem tanto que ainda sei. Mas, garoto, não me pede pra ficar, não faz eu me sentir boba e aceitar tudo como uma inocente brincadeira. Você já estendeu a mão para mim tantas vezes que tenho medo que seja exatamente isso que eu queira de você: somente ajuda para erguer-me novamente.


Porque contigo o prazo sempre foi curto, o amor nunca durou 365 dias, isso poderia até ser considerado a eternidade, fizemos planos para um futuro que nunca chegou, juras eternas que não duraram uma semana. Nós somos tão parecidos que fica difícil conviver com dois de mim, nos repudiávamos. E depois, quando sentíamos uma falta terrível, resolvíamos surgir. Não sabemos nos mandar embora, não sei dizer pra sumir da minha vida. Não aprendi a te dizer adeus. Nunca soube te fazer ser um ponto final, e talvez por isso sejamos sempre reticências, eu te tenho na ponta dos dedos sempre. Você desaprendeu a não ser, não sabe estar longe, largar a mão. Quando você não é amor, você quer ser carinho, ou eu te transformo em conselho e você corre logo para ser compreensão, daí resolve ser companheirismo. E enquanto eu tento te frear, percebo que você nunca foi nada.

Tânia F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário