sábado, 3 de dezembro de 2011

23:59

Não sei se ainda quero que o tempo passe. Eu quero mudar o imutável, eu insisto no inexistente, eu sou quem empurra e tenta incansavelmente frear os ponteiros incontroláveis desse relógio da vida, que insiste em continuar girando. Eu quero adiar os dias, as despedidas e tudo mais que seja cômodo. Ou pior, eu quero permanecer no incômodo. Eu quero o novo dia na vida velha, eu quero os novos momentos com as lembranças antigas. Eu quero as novas pessoas na fila de espera, porque ainda não sou suficientemente boa para substituí-las. Não estou aberta à novos contratos, ainda não estou aceitando novos currículos, sou essa hoje e amanhã. Depois, não sei. Tenho medo da mudança do novo e temo a despedida do antigo.

Tânia F.

Um comentário:

  1. Tememos contratos de cláusulas que nos escravizam a Alma. Ignoramos qualquer currículo que ouse ser melhor que o nosso. Sofremos de uma preguiça emocional incalculável, que nos sopra ao ouvido que além do amanhã estar longe demais, o morno e a metade que reinam no agora, é o suficiente. Sofremos em não-saber o que virá depois da meia-noite.

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