terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para alguém de dois corações.

Tudo aconteceu na fração de fugitivos segundos. Os olhos piscavam rápido, a perna, como sempre, inquieta. Mas havia uma vontade nova, hoje havia coragem para o que vinha sendo adiado a tempo. Ela nem sabia se realmente queria falar, mas uma vontade súbita a fez cuspir as palavras como se nem fossem suas. Foram tão exatas e resumidamente simples, tão distantes do seu ser em dias normais. A voz com que disse foi tão doce e calma que, nem de longe as pessoas saberiam como seu corpo respondia ao espetáculo do disfarce. Sua voz enganava seu coração, esse por sua vez, em disparo, pronto para parar a qualquer momento. Aquelas palavras não eram deles, não poderiam ser. Como ela conseguiu ser tão clara e objetiva? Como ele conseguiu abusar da sorte e dizer que ainda sentia algo? Uma coisa ela havia descoberto: ela só conseguia fazer as coisas sem planejamento. Assim mesmo, a idéia vinha juntamente com a coragem e ela ia e concretizava. Se esperasse alguns segundos, talvez não fosse mais possível. Mas a vida deveria ser assim mesmo não é? Ainda que planejadas, dificilmente as coisas saem do jeito desejado. Isso. Deveria ser assim: pensamento instantâneo, vontade instantânea. Vida instantânea.

Mas não deixe eu perder a outra ponta do fio. (...)

Tânia F.

Um comentário:

  1. Os olhos piscavam rápido, e entre palavras e enganos, vozes e tortos planos, perceberam que a vida acontecia na intensidade que se declarava, nos olhos fechados, e no silêncio. Eram os instantes de vontades, desejos e sonhos que ecoavam a vida inteira.

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