terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quando você chega.

Te vejo ao longe, chegando, com a cabeça meio baixa e o corpo vagamente cansado. Te vejo vindo. É normal ficar assim meio boba, meio besta, só por te ver, ao longe, chegando? Saber que o que te traz aqui é a minha simples presença faz o meu estômago revirar. Faz eu me tornar o centro, justamente o que eu não suporto ser. Ser o centro requer muita responsabilidade, não sei ao certo se me mantenho firme ou se me sinto infinitamente frágil ao descobrir isso, não gosto que as pessoas esperem nada de mim, prefiro que tudo seja o que for sendo, entende? Sei que entende. Mas tudo bem, se for pra ser o seu centro eu não me importo, se eu tiver que ser responsável com você, eu não me importo. Tá tudo bem. Você já tá fazendo muita diferença aqui, eu posso aprender a suportar que alguém espere algo de mim, se esse alguém for você.


Agora você me viu, assim que levantou os olhos na minha direção, e nós dois involuntariamente sorrimos, não só com a boca, com os olhos, com a bochecha, com o corpo inteiro. Nunca soube como sorrir com o corpo inteiro. Percebo que você acelerou o passo, e o seu sorriso ainda está decidindo se fica tímido ou largo. Eu posso sentir nossa felicidade nos olhos. Te descubro mais, a cada passo que você dá. Agora você está tão perto e as suas mãos estão deslizando nas minhas costas e me apertando com a força de quem não me vê há dez anos. Nós nem precisamos dizer nada, o que sentimos é exatamente pra isso, não é? Pra não precisarmos descrever. A gente descreve um pro outro, aqui dentro, toda vez que se vê.


Tânia F. Quaresma.

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